Chinchero (Peru) a Brasília (Brasil)

111ºDia - Chinchero-CU-Peru (32 Km)

Como eu tenho data para voltar para Brasília, e calculamos que vai ser impossível chegar até Lima neste tempo, decidimos ir até Abancay, que jé eh 1000m mais baixo que Cusco, e de lá nos separariamos.
Na saída de Cusco..muuuita subida, como toda cidade Andina. Até chegarmos em uma bifurcação. Para um lado, Abancay. Para o outro, Machu Picchu. Abancay, cidade sem muita coisa interessante. Machu Picchu.... Ah.... Machu Picchu!!!! Entao decidimos: vamos para Machu Picchu outra vez, agora fazendo do jeito mais economico possivel e aproveitando as melhores coisas.



As melhores decisoes sao tomadas assim, sem pensar muito. Depois de mais subida, estavamos passando em frente a um povoado chamado Chinchero. Iamos passar reto, para chegar a uma cidade chamada Urubamba. Quando vimos um grupo de gringos, que logo reconhecemos: a galera de Cusco!!! O ciclista colombiano, os gemeos americanos, o casal Uruguaio!


"Que casualidade!" Eles estavam fazendo um trabalho voluntario com as criancas do povoado. Espantados com o tamanho da coincidencia, tivemos que ficar um dia com eles.

Povoado Chinchero.
Um grupo de 30 criancas. Aula de ingles, oficinas de pintura, futebol!! Os niños ficavam muio felizes, e era muito bonito de ver!!
Amigos de la vida!!!


112ºDia - Ollantaytambo-CU-Peru (50 Km)
Seguimos tarde em direção a Ollantaytambo. Quando fomos de carro vimos muita subida, e estavamos com medo. Mas depois de uns 15km de subida leve, a descida. Lembramos dela tambem de quando fomos de carro, e na justa hora em que pensamos "isso aqui de bike deve ser muito louco!". Aquilo ali de bike era muito louco!!! muita descida, e pista longa para poder soltar o freio. Lindo! Sentimento de liberdade inexplicavel.

Descida!!!
Chegamos em Ollanta no fim da tarde. E no pé da cidade tinha uma subidinha nao tao ingrime, mas de pedra e muito dificil de fazer. Escolhemos o alojamento, que sao muitos na cidade para suportar o tanto de gringos, e fomos dormir.
Como nao tem estrada até Machu Picchu, despedi da bike por aqui. Ultimo dia de pedal!!


113ºDia - Ollantaytambo-CU-Peru (Descanso)
Em Ollantaytambo tem muitas ruinas, como tambem em varios outros lugares, e nao soh em Machu Picchu. Infelizmente nao podemos conhecer, que para nosotros é muito caro. Voce compra um bilhete de 130 soles e tem direito a conhecer quase todas as ruinas, museus e igrejas. Para quem tem tempo, vale a pena.

Ollantaytambo é cortada por um rio, e tem um sistema de distribuição de água muito curioso. Em todos os lugares da cidade, a água passar pela sarjeta da calçada. Incrivel!


Água!

Entao fomos atras de algumas coisas que iamos precisar no longo caminho até Machu Picchu. Compramos mais uma mochila, muita comida, e fizemos as malas.


114ºDia - Km 98-CU-Peru (16km a pé)
Saimos cedo e pegamos uma Van para o Km82 do trilho do trem que leva a Machu Pichu. Nao tem estrada, entao ou voce vai de trem, ou a pe como nós.
Um caminho lindo, mas bem dificil. As pedra nao sao nem grandes para andar de pedra em pedra, nem pequenas para andar sobre elas. É o tamanho perfeito para te dar muito calos nos pés. O trem passa o dia inteiro, e voce tem que ficar bem no cantinho para nao ser atropelado. Como é um trecho de curva, as vezes nao da para ouvir nem ver o trem vindo, só quando ele ja ta bem em cima e te da um susto danado, mas da tempo.
O rio Urubamba beira o trilho o tempo todo. E foi entre o trilho e o rio que resolvemos acampar. Fogueira, e o ceu mais lindo da minha vida. A sensacao de acampar no meio das montanhas eh incrivel. Voce só ver o formato delas até em cima, e lah no alto o céu estrelado. Recomendo.



Sofrendo como mochileira. Estava pela primeira vez levando o mesmo peso que o Fábio. Sem costume, e com uma mochila nao tao boa, os ombro sofrem.


115ºDia - Machu Picchu Pueblo-CU-Peru (14Km a pé)
Acordamos cedinho, com um trem de controle pedindo para sairmos. Tem até despertador!
Hoje foi mais facil que ontem. Paramos para um miojo, e as 15h chegamos em Machu Picchu Pueblo(Aguas Calientes).Fomos para o unico camping existente na cidade, com vista para Machu Picchu. Expresso 222!



116ºDia - Machu Picchu -CU-Peru (16Km a pé)
Acordamos 4h30 para "entrar" em Machu Picchu antes do sol sair. 1h30 de subida, pelas escadas bem ingrimes que dao em Machu Picchu. Muita gente cansada, desistindo de subir. A gente ultrapassava todo mundo, afinal 4 meses de pedal não pode ter sido em vão.
Chegando lá em cima, vimos se nao aparecia ninguem e tchum!!! Entramos pro meio do mato.
Sim, queriamos entrar em Machu Picchu clandestinamente. Ou voce acha que a gente tem 40 dolares para ficar passeando??
O primeiro obstaculo foi facil, um muro de 2 metros. Pézinho, subi. Vimos um arame farpado e pensamos que bastava pular para entrarmos. Era só o comeco. O arame dava pro hotel que fica ao lado de Machu Picchu. Passamos agachados por dentro do hotel, com muito medo de sermos vistos. Do outro lado uma vegetacao meio fechada, o Fábio saiu cortando tudo para podermos passar. Nos deparamos entao com arame farpado de 2 metros. Tinha arame na horizontal e na vertical, com distancia de 30cm entre eles. Com muita ginga, conseguimos pular sem nos machucar.

Dentro de Machu Picchu? Nem tao facil assim. Fomos seguindo um caminho pra direita, e saimos bem em cima da porta de entrada. Todos lá embaixo podiam nos ver. Voltamos de fininho, e fomos para o lado que nos restava: a mata fechada.
Facão para que te quero, subida ingrime, iamos nos puxando pelos galhos. Terra e folha umida áté as canelas.... Estavamos escalando a montanha!!!

Depois de 1h na mata fechada e nos sentirmos no filme do Rambo, nos deparamos com outro arame farpado e vozes de gringo. Esperamos não vir nnguem e pulamos.Agora sim, Machu Picchu.

Saimos bem no final da Trilha Inca, onde as pessoas chegam depois de uma caminhada de 3 dias. Todo sujos, tiramos os casacos e os chullos, limpamos as calcas e tenis.

Nao acreditando, fomos passear.


Logo no comeco, um dos fiscais pede o boleto. Fomos pegos. Com conversa, ele deixou a gente ficar sentado olhando. 20min, pedimos pra sair. Eles falaram que lá tem controle por cameras e sabiam desde o comeco que a gente estava lá, e que haviam mais 4 clandestinos.
Saimos, achando que ele estava de conversa fiada, e que fomos pegos por puro azar. Mais tarde, conversando com argentinos e colombianos do camping, eles nos falaram que pularam, foram pegos, e estavam em 4.

"Colombiano... Clandestino!
Argentino.. Clandestino!
Brasileiro... Clandestino!
Marijuana? Ilegal!!"

Caminho percorrido:

Vermelho: Escadas para quem sobe andando, de Machu Picchu Pueblo a Machu Picchu. Senão, voce paga U$7 para subir de onibus.
Azul: Entrada clandestina, comeca ao lado do hotel, e depois só mata fechada, como dá pra ver.
Verde: Já dentro de Machu Picchu. Caminho inca, e entao a cidade. Acaba onde fomos pegos.

É, não tem como entrar sem pagar em Machu Picchu. Mas valeu a experiencia e estar dentro daquele lugar uma vez mais, mesmo tao rapido!


117ºDia - Santa Teresa -CU-Peru (15Km a pé)
Para sair de Machu Picchu Pueblo, fizemos um caminho diferente da ida. Voce anda so 10km pelo trilho do trem, mas para o outro lado. Chegando na Hidrelétrica, onibus para Santa Teresa. Uma cidade simples, mas que guarda um tesouro: aguas termais.
Perfeito para o cansaco de quem vem de Machu Picchu. Varias piscinas quentes, naturais, limpas, com pedrinha no fundo. Acampamos entre as montanhas, do lado da piscina.



A noite conhecemos varios gringos, tomamos Cusqueña(a melhor cerveja que tomei até hoje), Peru Libre(Pisco com Coca Cola) e outras coisas mais. A noite, meio borrachos, nos damos conta do lugar que estavamos, e que era meu ultimo dia.
Uma boa despedida.


118ºDia - Ollantaytambo -CU-Peru (5Km a pé)
Queria passar o resto da minha vida naquele paraiso, mas a passagem estava comprada e eu tinha que volver.

Pegamos táxi para Santa Maria, e de lá táxi para Ollanta, onde estavam nossas bikes. Chegamos exaustos. Separamos nossas coisas, e fomos dormir.


119ºDia - Noite no Onibus -CU-Peru
O dia ia ser longo. Peguei minhas malas e fui em busca do Onibus para Cusco. Estava com a bicicleta e o alforge cheio, mochilão cheio de coisa nas costas e o violão. Chegando em Cusco, fui pedalando com tudo até a rodoviária. Onibus para Puerto Maldonado, cidade maiorzinha perto da fronteira com o Brasil. Sai de Cusco as 16h. Cusco está a 3600m de altura. O onibus subiu até 6000m, e Puerto Maldonado está a 200m. Ou seja: Pura descida. Detalhe: De terra. Muito sacolejo, muitas pontes feitas de madeira. O cobrador tinha que descer e orientar o motorista. Penhascos, buracos, muita adrenalina! Lá pelas tantas chegou o jantar: macarrão com frango. No onibus mesmo! Madrugada adentro, musica peruana rolando. De manhã, o calor era insuportável. Estamos na Mata Atlântica!!!
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120ºDia - Rio Branco -AC-Brasil-il-il-il!!!!
Cheguei em Puerto Maldonado morrendo de calor. Com as tralhas tudo, fui me informar donde toma el bus a Brasil. "Bus a Brasil?? no hay!" Mas como assim nao tem? Eu li na Internet, a tal da transoceônica!! Mas todos disseram que nao tinha. Que tinha que pegar um táxi até a fronteira, da fronteira taxi pra Brasiléia, de Brasiléia táxi para Rio Branco. Já que era o jeito, tinha que ser.

Peguei um táxi por 40 soles até a fronteira. Chegando na fronteira, fui perguntar se nao tinha taxi direto para Rio Branco. "Não, tem que ser táxi para Brasiléia, e de Brasiléia táxi pra Rio Branco, total de 45 reais". Isso já eram 15h, entao ia ter que ficar pulando de táxi em táxi, cheia de bagagem, num lugar desconhecido, e a noite!

Como estavamos na fronteira, os carros paravam ali para a burocracia da migração. Nessa conversa, por sorte estava passando um onibus. Fui perguntar para onde era e o motorista respondeu num portugues muito bem dito "Para Rio Branco!" E de onde vem? " De Puerto Maldonado!"

Bando de cabra safado!! Tirei minhas coisas do táxi rapidinho, e entrei no onibus. Direto para Rio Branco!!!

Fiz amizade com todo mundo do onibus, adorando o fato de estar falando portugues, e de novo em terras brasileira. Cheguei em Rio Branco as 22h, peguei um hotel do lado da rodoviária, e fiz mais amizades por lá. Como é bom falar português!!!!


121º Dia - Noite no Aviao - Brasil
Acordei no hotel e fui saborear o café da manhã. Pão, presunto, queijo, frutas...que saudade!!!
No mesmo hotel estavam hospedados uma equipe de ciclismo de porto velho, de passagem no Acre para uma competição. (Aliás, se algum de vocês estiverem lendo, me enviem as fotos que tiramos!!!)

Como meu pai é acreano, contatou uma prima, que me recebeu de braços abertos. Visitamos a cidade, a casa onde meu pai nasceu... Rio Branco é uma cidade linda. Lembra até um pouco Brasília.. Ruas largas, plano, muito limpa... Muito bonita mesmo!
Almoçei como não almoçava a muito tempo. Variedade, bons temperos, ah!!
É muito bom estar aqui.
A noite, um trabalhão para embrulhar a bicicleta. Sem ajuda, não tem como.

100 reais pela bicicleta. "9kg de excesso, 115 reais, por favor."
Eu pago 100 reais e ainda pesam a minha bicicleta?? "São as normas, senhora." Fiz mó auê do mundo... " Não tenho dinheeeeiro!"
ai ela "pra senhora a gente vai deixar passar..." Esse povo é esperto....

122ºDia - Brasilia - DF - Brasil!
Cheguei em Brasília, papai e irmã me esperando.

Estou em casa! Tv, feijão, chuveiro com muita água, toalha grande, português, calor....

quem quiser, me encontre no parque da cidade. É por lá que estou pedalando.

Beijo!

O Fábio ainda tá pra lá. Acompanhem!

4 comentários:

Simone disse...

HEHEHEHE Paloma em Brasília!! Seja bem vinda!! ja matei um pouco da saudade...mas ainda falta o irmão!! Bjs!!

Anônimo disse...

Vizinha, enfim de volta... vou te ligar!!!

KAKAW disse...

Ola Paloma
vi teu site
http://diariosdeoutrabicicleta.blogspot.com/
impressionante!
muito legal!


e fiquei muito intrigado com esta viagem que vcs fizeram,
imagina bsb - macchupicchu de bike!

Sou de brasilia, mas estou morando em Rio branco e comecando a combinar com uns amigos a ida a cuzco e macchu picchu
Inicialmente estamos pensando em fazer do porto maldonado ate cuzcu
vc sabe dizer mais ou menos quanto tempo de viagem isso leva?
e qual o melhor esquema/rotas?
muito obrigado por qualquer dica e alos!
abraco
BR

Elayne Gemignani disse...

Paloma e Fábio parabéns pelo relato. Muita coragem... Os leitores do seu blog vão de carona em suas garupas nessa aventura incrível. Eu adorei!
Abraços

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